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sábado, 23 de janeiro de 2010

A Terra em Movimento

Quando pensamos num símbolo de equilíbrio e estabilidade surge logo em nossa mente a imagem de uma montanha serena, referência de silêncio e quietude. É a terra como símbolo de base e sustentação para nossos sonhos e ideais.

Mas, como nos revela o I Ching (Wilhelm), no hexagrama KÊN / A Quietude (Montanha), "A verdadeira quietude consiste em manter-se imóvel quando chega o momento de se manter imóvel, e avançar quando chega o momento de avançar. Desse modo o repouso e o movimento permanecem em harmonia com a exigências do tempo, e a vida se ilumina." Essa é a grande Lei do Universo, a impermanência que promove a estabilidade e o equilíbrio.

Interpretamos a estabilidade como um estado de paralisia e inércia. Imaginamos que ter equlíbrio é manter-se fixo e imóvel, algo só encontrado no que está sem energia, sem vida, morto.

Mas nosso planeta é um organismo vivo que permanece em constante movimento e transformação. Ele adormece, desperta, floresce, entra em erupção e convulsiona, num espetáculo de beleza e horror, do qual fazemos parte juntamente com todas as demais formas de vida que nele habitam.

Mas parece que não nos acostumamos a isso nem entendemos que, tudo que fazemos ao planeta consequentemente retorna à nossa espécie, afetando também os outros seres que compartilham o mesmo espaço. Ainda fantasiamos que existe um abismo entre o homem e a natureza, não fazendo ele parte dela, daquela que no fundo desconhecemos e tentamos a todo custo ignorar.

Mas, na verdade, é ela que nos ignora, em nossa atitude de pretensos Deuses, brincando de reformadores do mundo, como já falava sabiamente Monteiro Lobato, em sua fábula tão preciosa e contundente sobre a arrogância humana. A Natureza continua, como tudo que existe no Universo, a se movimentar e a se transformar, independente de nossa resistência e indignação. Queremos parar o mundo, de forma a só usufruirmos de lindas tardes de primavera, com a brisa balançando nossos cabelos, comendo uma fruta doce e fresquinha, deitados num jardim florido e perfumado, de preferência cercados da mais avançada tecnologia que nos permita controlar tudo e todos a nossa volta.

Esse é o ideal moderno. Sem fome, sem sofrimento, sem doenças, sem mortes, total controle, milhões de informações disponíveis, dinheiro, conforto, beleza eterna, prazer infinito, poder absoluto, consumo desmedido e todos os desejos satisfeitos instantaneamente.

Queremos isso e preparamos nossas crianças para essa irrealidade. E, por isso mesmo, pela expectativa não satisfeita, sofremos todos continua e indefinidamente.

Por outro lado, apesar de nossas constantes tentativas de implementar essa distorção do que é felicidade e acabar definitivamente com a humanidade e com o planeta, por pura compaixão, a Mãe Terra continua a nos oferecer as mais eficientes e maravilhosas alternativas de cuidado para nossas mazelas. E, mais do que isso, sempre coloca a nossa disposição incontáveis recursos para o despertar de nossa Consciência para as Verdades Universais, àquelas que governam e determinam o equilíbrio cósmico.

Dentre os vários recursos disponíveis encontramos as benéficas emanações dos reinos mineral e vegetal, os quais pacientemente testemunham nossa passagem pelo pleneta, jovens habitantes que somos da crosta terrestre, apostando num amadurecimento mais rápido de nossa espécie, antes que todos venhamos a perecer.

As essências conscienciais, preparadas a partir destes reinos, muito têm a contribuir com o despertar de um entendimento maior de nosso ser para a real condição humana e para as leis dinâmicas da existência. Por atuarem a nível das estrutras primordiais de manifestação do Ser, são elas facilitadoras de sua expressão plena e límpida.

O que tende a nos parecer um caminho duro e árduo de aprimoramento, também pode acontecer de forma serena e definitiva, se, de fato, mantivermos a disposição de sair deste ciclo de sofrimento em que nos colocamos diariamente, fruto de nossas escolhas e dos padrões inconscientes que governam nossa vidas. As essências estão aí para nos apoiar neste processo.

Fica aqui um convite aberto para estabelecermos um olhar diferente e aprofundado na abordagem de nossa prática terapêutica com florais, onde o foco deixa de ser o alívio do sintoma e do desconforto, passando para o Despertar da Consciência daquela pessoa ali presente, bem à nossa frente, oferecendo a ela algo mais.

E, como o remédio do outro via de regra é o que também precisamos receber, podemos iniciar este processo aventurando-nos a experimentar essas Gôtas de Luz em nossa própria veia, dando o primeiro passo em direção a nós mesmos.

Esse ponto já tem sido muito abordado, eu sei, mas observo que poucos o colocam em prática. Tendemos a nos deixar seduzir pela vítima, esquecendo de que ali há um Ser, que está além daquela história, que precisa vir à luz para que assuma o leme da própria existência. O Terapeuta Floral, como outros profissionais de diferentes abordagens terapêuticas, sendo alguém que busca apoiar e aliviar o outro, pode até mesmo, de forma inconsciente, reforçar os padrões disfuncionais na medida em que foca sua ação apenas na eliminação dos deconfortos do cliente, mas não oferecendo nada além disso. O alívio surge mas a Consciência continua sem ter espaço de manifestação.

Se ao menos pudermos iniciar esta caminhada, que começa com um pequeno passo, muito já terá sido feito. Se atentarmos melhor para este detalhe, vamos incluir sempre numa fórmula uma essenciazinha que auxiliará nosso amigo, e a nós mesmos, a ir um pouco além da dor. Talvez este gesto já seja o bastante para um grande salto do Ser em direção a Si Mesmo.




Um comentário:

  1. A Consciência expandida é a dor resolvida!!!!!
    Qdo a dor é priorizada, a Consciência é abafada, pois a dor é produto final, de um contexto maior.
    Costumo, em meu trabalho, reservar um momento para a Alma da pessoa se manifestar. É a "escolha intuitiva." Incrível como funciona com uma "exatidão", que parece ser racional.

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